quinta-feira, setembro 17, 2009

Internet nas eleições: Olho aberto!


A pequena reforma eleitoral, que basicamente tenta colocar a internet como um mais um veículo de propaganda a partir das eleições de 2010, traz à tona uma importante discussão acerca da relevância que a rede mundial de computadores passou a ter dentro do cenário político.
A avalanche de portais de vereadores, deputados, câmaras e políticos de uma maneira geral é apenas uma das faces dessa onda tecnológica. Uma outra ferramenta que vem crescendo muito, cada vez mais se configurando como uma fonte de informação, tem sido o Twitter, ao qual resolvi aderir para também divulgar este blog. Neste microblog, como é conhecido, personalidades importantes ou com uma repercussão de mídia deixam pequenas frases que poderm ser lidas por aqueles que os seguem. A possibilidade de interação que o Twitter oferece tem contribuído de forma interessante para uma tentativa de aproximar alguns políticos da parcela da sociedade que usufrui da net.
Muitas vezes a liberdade que a internet oferece dá margens a duras críticas, devido às dificuldades em colocar limites e selecionar o que de fato pode ser bom ou ruim. Os políticos cada vez mais se colocam como difusores de informação, que gradativamente vêm precisando menos da mídia como um intermediário na relação com a sociedade e conseguem de forma direta alcançar um público considerável e fundamental na formação da opinião pública. Esse é o ponto em que gostaria de chegar.
Toda a facilidade de obtenção de informações para quem navega na net tem que ser ponderada, assim como também temos que abrir os olhos para o que recebemos dos meios de comunicação. Toda informação é cercada de algum tipo de interesse e o filtro que devemos ter é algo inerente à leitura.
A possibilidade de termos a internet como mais um campo de publicidade na campanha política é muito interessante, mas podemos ir muito além. Creio que se inicia aí uma tentativa real de discussão entre sociedade e candidatos sobre propostas e acho que esse é o caminho. A web tem essa capacidade de interação é acredito muito na força dessa palavra na gradual melhora do cenário político.
Teremos a possibilidade de acompanhar, debater, criticar e interagir. A campanha de Barack Obama foi um exemplo claro dessa interação, que além do marketing político intríseco, também possibilitou um conhecimento profundo sobre o candidato e um debate de ideias que acabou por eleger o atual presidente americano.
O Brasil está entre os 60 países mais conectados à rede mundial de computadores. Acho que esse fato se consolida como um termômetro interessante no que se refere à possibilidade de termos uma campanha mais embasada em discussões e com a chance de mudarmos, mesmo que de forma gradual, a realidade política do país. Sou um otimista por natureza e um admirador incondicional da internet. Acho que esse é um dos caminhos que podem fortalecer a democracia e contribuir para que a palavra representante deixe de ter aspas.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Vivendo pela metade


Falar da violência urbana se tornou algo clichê na mídia. Parece que nós, enquanto público, nos acostumamos a ter no nosso cotidiano notícias sobre prisões, assassinatos, crimes hediondos e fazer de tudo isso mais um assunto para as rodas de conversas que temos entra amigos ou mesmo para iniciarmos uma conversa com um desconhecido no elevador ou em alguma fila, por exemplo.
Temos muitas vezes a impressão de que toda a desgraça mostrada pela imprensa é uma espécie de "ficcção" ou algo que jamais nos atingirá. Até que chega a hora e damos de cara com um assalto, um homicídio que envolve algum conhecido ou a descoberta de que tal pessoa cometeu algum crime. Esse tapa na cara que nos desperta pra realidade me ardeu e muito.
Nos últimos tempos,já passei algumas vezes, de forma indireta e indireta, por diversos tipos de situações relacionadas à violência urbana. Meu pai foi rendido por bandidos e teve seu carro roubado, presenciei um elemento tentando invadir a casa da minha namorada, tive alguns conhecidos assassinados por manterem alguma relação com o tráfico e fui agredido inocentemente em uma festa. Ontem minha irmã teve dificuldade de pegar um ônibus devido à onda de vandalismo e criminalidade que está tomando conta de Salvador. Tudo isso aconteceu só em 2009.
O que tem mexido muito com a minha cabeça é pensar no que estar por vir. Qual será a próxima tragédia? Quem morrerá? O que poderão roubar de mim?
"Viver com medo é viver pela metade", já dizia Fernando Pessoa. Sou apenas mais um brasileiro que se vê refém de um país entregue às baratas, onde a política, que deveria servir pra construir bases sólidas pra sociedade, como a educação e a geração de emprego, está repleta de pessoas que visam apenas o interesse pessoal e manter-se no poder significa passar por cima dos discursos de outrora. Acho que o bem comum passa longe dentro do jogo político atual.
Não quero e nem sei como podemos sanar o problema da violência, mas sei, como todos sabem, que a desigualdade social é um fator preponderante nesse contexto todo. É complicado ter que viver dominado pelo medo e saber que em qualquer lugar hoje estamos vulneráveis à criminalidade.
Todos nós, direta ou indiretamente, já sofremos algum tipo de violência. Hoje não adianta ser rico ou pobre. A violência urbana é o que temos de mais democrático no Brasil. Todos vivemos com a incerteza do dia seguinte, mas nunca deixamos de crer que dias,anos e séculos melhores possam chegar. Será que sonhar com um país assim é utopia? Espero que não.