quinta-feira, outubro 29, 2009

Buracos e incompetência!



"Pense num absurdo, na Bahia tem precedente". A célebre frase do então governador Otávio Mangabeira, que geriu o estado de 1947-1951, caiu como uma luva para um tema muito discutido na opinião pública: a situação das estradas brasileiras e por tabela, as baianas.
Aqui na Bahia, as estradas federais e estaduais estão cada vez mais entregues às baratas, ou melhor, aos buracos. O investimento feito pelo Poder Público não é proporcional à necessidade de revitalização, manutenção e criação de novas alternativas para a malha rodoviária baiana.
À exceção da Linha Verde, que foi privatizada e está em um ótimo estado de conservação, as estradas baianas, dentre elas a BR-324 e a BA-093 (tenho conhecimento de causa) são bons exemplos de como temos que lidar com péssimas rodovias quando queremos viajar ou mesmo trabalhar, como é o meu caso.
O que agrava ainda mais essa situação é a imprudência no trânsito, assunto que já foi pauta aqui no Politinia. Além de ter que desviar das crateras, nós ainda temos que lidar com as ultrapassagens pela direita, com a alta velocidade, sem contar o consumo de álcool, que reduziu com a Lei Seca, mas ainda está em alta.
As duas rodovias que citei, por coincidência, já estão em um processo de licitação para serem privatizadas. A BR-324 e a BA-093 possuem um grande fluxo de veículos que se deslocam da capital baiana para os mais diversos pontos do país. Quando o governo toma uma atitude como essa, na minha opinião, está assinando um atestado de incompetência e de ingerência sobre o que é o seu dever.
Para completar o espetáculo, uma pesquisa da CNT - Confederação Nacional dos Tranportes - constatou que 70% das estradas no Brasil, incluindo nesse panorama as estaduais, federais e privadas, possuem avaliações negativas: ruim, péssima ou regular. O que torna essa situação bastante indigesta é o fato de que o valor que os motoristas pagam de IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), além de ser abusivo, não se reflete em políticas para a malha rodoviária. A própria palavra já diz tudo: algo que é feito a partir de uma imposição, que nos é imposto.
A Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia tenta implantar uma maneira de sujar o nome das pessoas que porventura não poderão pagar o IPVA, enviando-os pro Serasa. Deveríamos era manchar o nome de quem não sabe gerir o dinheiro que recebe, ou melhor, sabem sim, mas não para o interesse público.
Enquanto esse dia não chega, continuaremos desviando dos buracos e percalços que nos são colocados desde que Cabral aqui chegou. Cuidado pra não cair! Até mais!

quarta-feira, outubro 21, 2009

Um pedido de todos nós!


Como é que eu faço pra começar esse post? Há tantas coisas pra dizer, mas confesso que está difícil definir o caminho. Quando em 2006 resolvi montar esse blog para falar de política e de cidadania, tinha em mente que traria discussões mais leves e outras que mexeriam comigo e com os meus possíveis futuros “seguidores” – adoro essa terminologia. Procuro sempre trazer coisas do cotidiano que de certa forma mexem comigo para que eu possa deixar minha humilde opinião. Vamos ao que interessa.

Há pouco menos de um mês, decidi assistir ao filme Salve Geral, candidato brasileiro ao oscar de melhor filme estrangeiro, dirigido por Sérgio Rezende e estrelado pela versátil Andréa Beltrão. O enredo é baseado na história de uma mãe que vê seu filho ser preso após ter se envolvido em uma briga que resultou em um homicídio. Lúcia, a personagem de Beltrão, que passa por sérias dificuldades financeiras, acaba se envolvendo com o PCC (Primeiro Comando da Capital), uma organização comandada por detentos, que possui uma estrutura organizada montada fora dos presídios e que na época, em troca de certos favores vindos do Estado, mostrou sua força com ações que aterrorizaram a cidade de São Paulo.

Lúcia, que é advogada, mas sobrevive das poucas aulas de piano que dava, encontra no PCC uma fonte de renda e um meio de manter seu filho, Rafael, em uma posição mais confortável dentro do presídio. Essa construção de um personagem que duela entre a lei e o crime reflete de maneira muito interessante o que somos hoje. Sempre queremos arranjar um meio de nos beneficiar. É o mundo capitalista.



O realismo que o diretor Sérgio Rezende imprimiu no filme mexeu com minha cabeça e confesso que no caminho de volta do cinema fiquei com medo de sofrer algum tipo de atentado, como aqueles que fizeram São Paulo parar em maio de 2006.
Já falei da violência aqui no Politinia, mas uma nuance que me impressionou no filme foi o poder de organização que o crime tem hoje. A capacidade de comprar armas, de exercer influência e de se comunicar faz com que se constitua um verdadeiro poder paralelo, que já se alastrou por todo país.

Uma prova clara desse poder do crime organizado que chamou atenção da opinião pública foi justamente a ação dos traficantes do Morro do Macaco – RJ, que atingiram um helicóptero da PM, resultando na morte de dois policiais.

Quando me deparei com a manchete sobre esse fato, confesso que achei que estava lendo uma cena daquelas de ação de Hollywood, mas é a nossa triste realidade. Solução? Não vejo nada que possa resolver isso em um curto prazo. Todos nós sabemos que muitas vezes os representantes das leis têm uma relação direta e de condescendência com tudo isso. Resta pedir a uma força maior que nos SALVE e que isso seja GERAL!

segunda-feira, outubro 05, 2009

A roda gigante da política


Lá se vai quase um mês que eu não postava. De antemão, peço desculpas a quem esperava por algo novo e agora vou me redimir. Confesso que gostaria de ter escrito algo antes, mas me faltava um bom motivo e o Politinia nunca será uma obrigação, mas sim um ponto de encontro das minhas ideias com o meu prazer em torná-las vivas no post.
Sem mais conversas, queria falar de algo que mexeu de forma muito interessante com a opinião pública nessa semana: a vitória do Rio de Janeiro para sediar os jogos olímpicos de 2016. Como brasileiro, senti um imenso orgulho de termos vencido cidades mais desenvolvidas sócio e economicamente como Chicago, Tóquio e Madrid. Os investimentos que serão feitos visando esse imenso evento esportivo certamente podem contribuir de forma significativa para o crescimento econômico e o desenvolvimento do Brasil.
É inegável que as conquistas para sediar a Copa do Mundo e agora as Olimpíadas denotam um momento muito interessante para o Brasil no contexto internacional. A imagem do presidente Lula contribuiu de maneira decisiva nesse processo.
Há exatamente um ano, no dia 05 de outubro de 2008, o Brasil escolhia seus novos prefeitos e vereadores. Ótima coincidência. Até o momento não escrevi nada sobre o cenário político que está se formando para as eleições de 2010, mas acho que agora é o momento de arriscar algumas palavras. A possível candidata de Lula, Dilma Rouseff, atual ministra da Casa Civil, ganhou pontos importantes com a conquista do Rio para 2016, mas daí a reverter o atual quadro que a coloca como a segunda ou terceira colocada, dividindo pontos com Ciro Gomes, enquanto José Serra estaria em primeiro lugar nas pesquisas de opinião, já é outra história.
Muitas águas passarão por debaixo dessa ponte e acho muito difícil que o nosso presidente consiga, mesmo com sua aprovação de 80%, transferir votos de uma maneira massiva. Falta à Dilma o carisma e a simpatia que fazem de Lula um dos chefes de Estado mais respeitados no mundo.
Preparem os ouvidos pois a linha de discurso de Dilma será a da continuidade, mas não sei até que ponto os aspectos positivos do atual governo, como a vitória de 2016, podem ajudá-la. Além da sua figura estar longe do populismo de Lula, vale ressaltar que as inúmeras denúncias e conchavos envolvendo o PT, como no caso Sarney, também irão contar de forma negativa na sua candidatura.
Como já disse, é muito cedo para falar de 2010, mas confesso que não resisti em antecipar esse ponto. O governo agora está na parte de cima da roda gigante, podendo ver tudo de uma posição bastante privilegiada. Mas não se sabe qual será a próxima bomba que pode explodir, assim como foi a fraude do Enem que surpreendeu o país e repercutiu negativamente sobre o Ministério da Educação, que outrora era visto com bons olhos.
Acho que todos nós estamos torcendo pra uma renovação na política nesse "novo momento" de expectativas que o Brasil está imerso. Essa mudança pode começar com um voto diferenciado em 2010. O que nos resta é torcer para que 2014 e 2016 marquem uma nova era para o Brasil. O próximo ano é decisivo, mas temos que ficar atentos à roda gigante que não para de girar. A sorte está lançada. Até mais!