quarta-feira, setembro 29, 2010

Domingo tem eleição? Tem sim, senhor!



Reta final de campanha. Tive uma expectativa muito grande em relação às eleições de 2010, mas confesso que ficou um gostinho de ”quero mais”. Desde 2008 tenho trabalhando com marketing político e é exatamente a oportunidade de poder estar no outro lado que me faz pensar política de um modo diferente.

Tive contato com muitos candidatos aos cargos de deputados federais e estudais no decorrer desses três últimos meses. O peso de um bom trabalho de comunicação já é uma preocupação da grande maioria deles, mas percebo que ainda falta algo difícil de explicar. Talvez seja a essência que o pleito na democracia traz na teoria, mas que se reflete em uma realidade bem diferente.

Os postulantes não têm a verdadeira noção do papel de um deputado, seja ele estadual ou federal, que é principalmente fiscalizar o poder executivo e propor projetos de leis. Muitos se jogam na corrida eleitoral por uma questão de vaidade ou porque servem pra conseguir votos que vão eleger os candidatos preferenciais dos seus partidos.

Infelizmente é uma realidade que vemos por todo Brasil. O emblemático caso do palhaço Tiririca é um reflexo desse interesse partidário. Caso eleito, dentro do critério de proporcionalidade, ele pode ajudar a eleger outros candidatos do seu partido. Outra questão que merece nossa reflexão é o fato de que ele realmente não sabe nada sobre o papel de um deputado federal e esperar ser eleito pra aprender. Seria legal se isso fosse uma piada, mas eu o vi dando essa declaração a um renomado site. Lamentável.

É fácil achar que está tudo errado, que todos são ladrões e que política é algo sujo, quando sequer lembramos em quem votamos há 4 anos ou ajudamos a eleger pessoas despreparadas. Conheci candidatos com muita boa vontade para realmente fazer algo pela sociedade, mas é preciso conhecer os caminhos. As Câmaras Estaduais e o Congresso Nacional precisam de deputados e senadores novos, que possam chegar e fazer a diferença. Temos a oportunidade de renovar, experimentar. Pode dar certo ou não.

Aproveitem esses últimos minutos antes do voto e escolham candidatos que tenha uma bagagem de vida que os credencie a serem os nossos representantes. Eleger um palhaço ou quem quer seja como uma forma de protestar é dar murro em ponta de faca. Todos sabemos que voto é coisa séria.

Somos os responsáveis pelo futuro do nosso estado e país. Exercer o mínimo de senso crítico nos faz deixar de sermos “palhaços”, que nada fazem pra mudar o cenário político e que estão sempre prontos pra fazer os políticos rirem com os resultados das urnas.

Escolham com consciência e de preferência eleja alguém que tenha gana de mostrar serviço. Renovar é o caminho para que possamos desmontar o picadeiro montado por muitos deputados e senadores atualmente no nosso país.

Até o dia 3!

quarta-feira, setembro 15, 2010

Reality shows policiais: Mude o canal!



Lembro que estava na casa de praia de uma amiga, quando uma tia dela falou de um filme que havia assistido. Disse que contava a história de um grupo de elite da polícia carioca e estava fazendo o maior sucesso na pirataria. Ela se referia à Tropa de Elite e confesso que fiquei curioso pra ver mais um filme nacional, que falasse da realidade social brasileira, sempre tendo a violência com plano de fundo. Até aquela ocasião, Cidade de Deus e Carandiru tinham sido os melhores sobre essa temática que eu havia assistido.

A fantástica atuação de Wagner Moura e o enredo do filme me cativaram. Tropa de Elite se tornou uma febre antes mesmo de ter estreado no cinema. Quando ele foi para as telonas, muitas pessoas já haviam assistido e quiseram apenas constatar se a versão oficial teria alguma diferença com relação à pirata.

Aqui na Bahia, programas que mostram o cotidiano da polícia e o combate à criminalidade têm uma audiência relevante. Eles mostram as prisões de traficantes, ladrões, foragidos e chegam até mesmo a cobrir as ações policiais nos bairros, revelando toda a tática de combate ao crime feito em determinadas operações.

Essa é uma tendência que agrada não só o público baiano. O programa “Polícia 24h”, exibido na Band, e o “Operação de Risco”, transmitido pela Rede TV!, mostram as rondas policiais como se fossem reality shows. Eles trazem situações arriscadas enfrentadas pela polícia no dia-a-dia, tendo a necessidade de colocar em evidência a busca pela “realidade à qualquer custo”.

Segundo informações do portal Terra, “Operação de Risco é uma produção da Rede TV! em parceria com a produtora Medialand, inspirado no seriado americano Cops”. A polícia dos Estados Unidos também enfrenta diversos problemas, mas é indiscutível que eles possuem uma outra estrutura de preparo e uma forma de atuação muito diferente da que temos aqui no Brasil.

A exibição de reality shows policiais mostra a necessidade que nós telespectadores temos de sentir que algo está sendo feito contra a onda de violência que nos assola. Mais que isso, revela como até a violência pode render audiência e lucro para a mídia. Para muitos meios de comunicação é ruim com ela, talvez pior sem ela. Espreme que sai sangue.

A segurança pública é o grande assunto na pauta das discussões destas eleições. Todo mundo promete ter a fórmula para mudar esse quadro que atinge a todas as classes sociais. Mais do que mostrar a realidade como ela é, como é o caso desses reality shows, é preciso que haja sérios investimentos no combate ao tráfico de drogas, preparando melhor a polícia, oferecendo-a mais recursos de atuação e melhores salários.

Na frente das câmeras tudo é mais bonito. Todos parecem querer interpretar o papel do Capitão Nascimento, aquele que era movido pela paixão em ser policial e honrava a farda. O que vemos no nosso cotidiano é que muitas vezes somos maltratados pela polícia, o que revela seu despreparo par lidar com educação com aqueles que de fato optaram pelo “caminho certo”.

A síndrome de Tropa de Elite deve ser substituída por uma política sólida de atuação no combate à violência. Mais do que preparar a polícia é preciso, no outro lado do jogo, oferecer oportunidades àqueles que muitas vezes têm tudo para cair na criminalidade. O processo de fortalecimento da educação é algo que deve acontecer em paralelo com a atuação do Estado na busca pela tão sonhada paz.

Deixemos de lado esses programas que mascaram a realidade. Todos sabemos o quanto temos que cada vez mais nos esconder nas nossas casas. Vivemos em um eterno clima de tensão. Precisamos de atitudes e não de reality shows e diversos programas que fazem uma hipócrita prestação de serviço à sociedade.

Mudar o canal já seria uma boa atitude. Sem audiência esses produtos televisivos deixarão de existir. Sei que posso estar parecendo pretensioso, mas já faço a minha parte.

O Tropa de Elite 2 está vindo aí. Certamente será um sucesso de público. Que a espetacularização da polícia fique apenas na ficção e possamos ter na vida real algo concreto, que mostre que uma boa segurança pública é possível. Vote certo!

Até mais!

quarta-feira, setembro 08, 2010

De olho neles (Parte 2)



Demorei um pouco pra postar novamente, mas vou cumprir o que havia prometido. No meu último post, havia falado sobre a minha intenção de expor algumas ideias minhas sobre a disputa baiana entre os candidatos que pretendem governar o Estado pelos próximos quatro anos. É chegado o momento.

Apesar de trabalhar com assessoria de comunicação dentro da política, queria deixar bem claro que não sou filiado a nenhum partido e nem tenho preferências ideológicas para trabalhar. Sou profissional e procuro enxergar a política como um campo de atuação.

Aqui no Politinia, discuto o outro lado do marketing político, que é o modo consciente e ativo que nós eleitores e cidadãos devemos ter no sentido de acompanhar e ter uma opinião formada sobre diversos temas que rondam o cotidiano da política e da sociedade de uma maneira geral.

A campanha para governador é sempre a mais debatida pela opinião pública. A Bahia passa por um momento bastante interessante neste sentido. Depois de quase 20 anos do Carlismo, onde candidatos vinculados a Antônio Carlos Magalhães e até mesmo o próprio governaram o Estado (PFL, depois DEM), tivemos a quebra desse ciclo com a entrada de Jaques Wagner, aliado do presidente Lula (PT).

O que está acontecendo nesta eleição de 2010 é uma comparação feita entre o desempenho de cada um desses grupos. Jaques Wagner, candidato à reeleição mostra o quanto fez nesses quase 4 anos e pede votos para continuar desempenhando o seu trabalho. Por outro lado, Paulo Souto, candidato derrotado em 2006, faz a sua campanha em cima dos possíveis erros do seu adversário e também mostra o seu histórico de atuação como governador.

Wagner tem consigo um vento que sopra em seu favor. Além de possuir a “máquina governamental” nas mãos, também conta com a altíssima popularidade do governo Lula e com o “fenômeno Dilma”, que faz com que a sua campanha ganhe força. Negativamente pesa sobre ele os altos índices de violência na Bahia, problemas na Saúde, e tenho notado que o funcionalismo público também se queixa muito das diretrizes adotadas na atual gestão.

Paulo Souto, que em 2006 não se reelegeu, dando lugar a Wagner, tem presente na sua campanha o discurso de mudança, típico de quem é oposição. Ele procura mostrar os pontos negativos do atual governo, mostrando sempre o seu currículo político. A estratégia não vem dando muito certo, e ele ocupa a segunda posição nas pesquisas, vindo muito atrás do petista.

Gostaria de pontuar também a presença de Geddel Vieira Lima na disputa que levará ao Palácio de Ondina. Ele, que foi ministro da Integração Nacional do governo Lula, decidiu romper com Wagner e se lançar candidato pelo PMDB. Apesar de ter uma coligação com muitos partidos e ser o que mais pretende gastar na campanha, Geddel não consegue emplacar, amargando a terceira posição nas pesquisas. Particularmente, acho que ele ainda crescerá um pouco devido aos votos pelo interior do estado, mas a disputa realmente ficará entre Wagner e Paulo Souto.

Agora a bola está com vocês. Façam uma comparação sobre a Bahia do PT e a do DEM. Tanto Paulo Souto quanto Jaques Wagner já tiveram chances de mostrar serviço como governadores.

Aproveitem e comentem sobre essa disputa. Até mais!