sábado, abril 09, 2011

Alô, alô, Realengo: Aquele abraço!



07 de abril de 2011. Dia do jornalista. Era mais uma manhã de planejamentos e execução de outras demandas de trabalho. Como de costume, sempre leio os jornais antes de começar as minhas tarefas. Assim que liguei o computador, já comecei a ler algumas manchetes de um atentado que havia ocorrido no Rio, envolvendo crianças.

Estava muito feliz com todas as mensagens que recebia pela comemoração do dia que celebra a minha profissão. Presentes, e-mails, mensagens nas redes sociais. Enfim, era pra ser um dia de reflexão sobre o que pretendo ser daqui pra frente, e, de fato, acabou sendo muito mais que isso.

Comecei a perceber pelo Twitter que o que acontecera no Rio tinha sido algo realmente muito grave. Iniciei a leitura sobre o ocorrido e fiquei pasmo com duas coisas. Primeiramente, a loucura que levou o tal jovem a tramar tal ato de crueldade. Além disso, me chamava atenção como um fato como esse pode causar um sentimento de comoção em um país tão grande.

Acredito que não fui o único a falar a seguinte frase: “Parece aquelas chacinas que acontecem nas escolas dos Estados Unidos e em outros países”.

Essa frase foi o pontapé inicial que me levou a fazer esta reflexão aqui no Politinia. No dia do jornalista, fomos todos vítimas de uma ação de uma atitude de um jovem que foi influenciado por tudo de negativo que a mídia e o jornalismo fazem questão de exaltar no seu cotidiano.

O que vale é saber quantos morreram. Quais foram os atos de crueldades. Terremotos, chacinas, crimes, atentados, etc. Como diria o título do livro de Diogo Angrimani: “Espreme que sai sangue”. Veio-me a mente como o sensacionalismo da imprensa acaba por influenciar e gerar ainda mais violência.

Não quero dizer que devemos ser alheios a tudo que ocorre no mundo. O fato é que as notícias boas acabam sendo menos importantes. As pessoas gostam de almoçar vendo prisões de traficantes, tiroteios, batidas policiais e outras coisas nesse contexto. Hoje, a audiência de todo esse tipo de conteúdo é muito grande. Seria um fenômeno sociológico ou uma espécie de alienação? Quem sou eu pra responder.

O que sei é que bons exemplos têm cada vez mais sido deixados de lado na cobertura jornalística. Não vivemos em um conto de fadas, mas a quantidade de brasileiros que são do bem, pessoas batalhadoras que lutam pelos seus sonhos, é muitíssimo maior que os indivíduos que escolhem o outro caminho.

A mídia tem culpa sim no que aconteceu em Realengo. As pessoas se deixam influenciar por tudo de ruim que acabam permeando o cotidiano.

Não quero ser o jornalista que vive em um mundinho perfeito. Longe disso. Questionar o que há de errado é o que mais nos faz crescermos enquanto pessoas. Quero ser sim alguém que priorize o que há de exemplos bons a serem seguidos.

Quando nos alimentamos de notícias ruins, deixamos de acreditar no outro. Deixamos de achar que podemos fazer a diferença e transformar nossos problemas em algo que nos faça crescer.

Poderia escrever muito mais que isso, mas acho que consegui deixar aqui a essência do que estou sentindo. Espero que possamos pensar um pouco sobre o que consumimos de informação.

O bem sempre será maior que o mal!