sexta-feira, março 23, 2012

100 anos e nada para comemorar



Quando um jogador de futebol se aposenta, logo procura uma forma de continuar no meio esportivo de alguma maneira, seja como técnico, comentarista, empresário, ou mesmo como dono de uma escolinha. Paixão é algo que não se explica e comigo não foi diferente. Passei 5 anos de minha vida me dedicando à música. Apesar de não ter ido longe, todas as noites e palcos me ensinaram muito sobre a vida.

Um desses aprendizados foi justamente o de sempre buscar conhecer profundamente o que eu estava fazendo e representando nos shows. Pra mim, não adiantava tocar forró pé-de-serra sem saber a origem de toda essa história. Foi a partir daí que comecei a ler, pesquisar, buscar álbuns antigos e, passado algum tempo, a paixão foi esquentando. Até hoje me arrepio, choro e morro de saudades de voltar a tocar. Mas a vida nos coloca em situações em que dizer NÃO é a única opção.

Estar de fora me fez começar a perceber como o ritmo que tanto amo está indo pra um caminho triste. 2012, ano que marca o centenário de Luiz Gonzaga (não preciso dizer a importância que ele tem para toda essa história), infelizmente atesta que a maioria esmagadora das bandas têm apostado em uma fórmula para chamar a atenção do público. As palavras-chave são: Cachaça, Cerveja, Cabaré, Rapariga, Fugidinha, Paredão (som de carro), Putaria, Balada, e afins.

O argumento é o seguinte: “O povo gosta disso”. Será mesmo? Não sou conta a modernização do ritmo, até porque isso é algo inerente a todos movimentos. Mas o que quero deixar claro aqui é que falar de amor, esperança e deixar mensagens positivas também agrada ao público. E temos uma safra maravilhosa de compositores aí, como Targino Gondim, Tato do Falamansa, Flávio Leandro, Targino Godim, que infelizmente não tem o verdadeiro reconhecimento. A ditadura da fuleragem está no comando.

Acho que parei de tocar na hora certa. Na banda, sempre fizemos questão de valorizar as boas composições, arranjos, preservar a história e valorizar quem faz forró de qualidade na atualidade, como Flávio José, Chico Pessoa, Adelmário Coelho, Elba Ramalho, entre outros. Apesar de não termos alcançados o que queríamos, o fato de ainda ser abordado quase que diariamente na cidade onde moro por pessoas que nem conheço e me dizem que sentem falta do nosso pé-de-serra é algo que não tem preço.

Precisava desabafar. Sei que não tenho como mudar nada, mas vejo que tem uma geração nova se interessando pelo forró e gostaria muito que essa galera pensasse um pouco no assunto. É isso. PÉ NA TÁBUA!