quarta-feira, setembro 12, 2007

Público ou Estatal?


É extremamente importante ter em mente a diferenciação entre o que é comunicação pública e o que a diferencia do processo comunicativo estatal. As peculiaridades perpassam o contexto administrativo de cada uma e chegam ao nível das intencionalidades que elas possuem e o direcionamento dado com relação ao que se aborda e como esse processo se dá.
A comunicação estatal surge como uma importante ferramenta de aproximação do Estado com a população, tratando das ações realizadas e de assuntos de utilidade pública. Esse viés comunicacional não pode ser considerado propaganda, visto que o Estado necessita estar na esfera pública, a fim de manter uma imagem de transparência diante da sociedade e também tem a demanda de prestar contas sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido. A estatização da comunicação é muitas vezes vista como uma tentativa de manipular informações, tendo em vista que através dos seus próprios veículos de comunicação, os poderes públicos tem em suas mãos a capacidade de propor enquadramentos e direcionamentos às notícias, que as tornam, em certa medida, tendenciosas.
Por outro lado, a comunicação estatal, tendo o jornalismo corporativo como um agente importante para sua consolidação, passa a servir como uma fonte de informação para os meios de comunicação convencionais, haja visto a Agência Brasil, que diariamente fornece sugestões de pautas e suportes para o trabalho jornalístico para diversas formas de mídia . Um fator que também ajuda a diferenciar a comunicação estatal da convencional é o fato de que ela não se mantém com verbas de publicidade, tornando-a mais “independente” e livre da concorrência que cerca os mass media atualmente.
A independência com relação às abordagens dos assuntos de interesses públicos inexiste devido ao fato de que a comunicação estatal está intrinsecamente ligada ao que o estado considera como importante para estar na agenda de discussão da sociedade. Apesar de ter surgido como um mecanismo que levasse transparência na cobertura jornalística, por não precisar competir com a mídia tradicional nas estratégias de marketing e de captação de audiência, a comunicação estatal ainda se localiza em um contexto fortemente corporativo que a torna vulnerável aos interesses do Estado, em detrimento a uma comunicação de interação com a sociedade e de formação da cidadania.
Essa possibilidade de estabelecimento de uma comunicação que atenda diretamente aos interesses da sociedade está ligado ao que hoje vem sendo debatido como comunicação pública. Diferentemente da comunicação estatal, controlada pelo Estado e pronta para atender às suas expectativas, a comunicação pública surge com o ideal de ser controlada pela sociedade, a fim de produzir conteúdos que estejam conectados ao processo de formação da sociedade civil dentro de uma sociedade democrática. Essa diferenciação sobre quem dirige os meios de comunicação estatal e público é o ponto de partida para melhor entendermos essa discussão.
A comunicação pública tem na sua essência a necessidade de propor uma programação e uma abordagem dos assuntos que se diferencie da postura adotada pela mídia tradicional. Nesse contexto, divergindo da comunicação estatal, passa a haver uma competição qualificada com as empresas privadas, a fim de atrair audiência e, por conseguinte, lucro. A diferença básica que vai existir nesse âmbito de mercado é que o gerenciamento dos sistemas públicos de comunicação está nas mãos da sociedade.
O conceito de comunicação pública já traz consigo o pressuposto de uma participação popular, a fim de desconstruir o caráter opressivo que a mídia tradicional oferecendo, passando a propor uma maior interação com relação à sociedade, sendo esta constantemente abastecida por informações e temáticas do seu interesse. O que a comunicação pública combate é justamente a ilusão de que os meios de comunicação privados exercem um papel de fomentadores de discussões e tratam do interesse público, oferecendo uma pluralidade nas informações e estabelecendo uma interação com o público.
É importante que haja a consciência de que não existe um maniqueísmo quando se trata em diferenciar a comunicação pública e a privada. Ambas são importantes para a consolidação da democracia. A estatal na medida em que busca uma maior aproximação do Estado com a esfera pública, e a comunicação pública por inserir o cidadão como agente transformador da realidade através da mídia.

sábado, julho 14, 2007

GREVE!!!!!!

Sei que abandonei o blog, mas voltarei a utilizá-lo como uma ferramenta de exposição das minhas idéias durante a minha monografia, a qual começa a ser feita em agosto. Prometo voltar com força total, trazendo reflexões importantes e me aprimorando cada vez mais. Um grande abraço!

sábado, abril 28, 2007

Meu barbeiro

A ante-sala da sua casa é o seu ponto de trabalho. É lá que Carlinhos recebe seus clientes diariamente. Por ter um bom movimento, o lugar hoje já possui um ventilador pra aliviar o calor, uma poltrona mais confortável para quem está sob os seus cuidados, espelhos grandes, cadeiras brancas de plástico para os que esperam a sua vez e uma televisão que funciona em tempos de copa de mundo ou quando há jogos da seleção.
Quando começo a sentir dores de cabeça, sei que devo fazer a minha visita mensal a Carlinhos (refiro-me a ele dessa forma porque até hoje nunca perguntei seu nome completo). Esse alagoano veio pra Bahia há cerca de 10 anos e logo trouxe muitas pessoas pra perto dele, por causa do seu bom humor e pela qualidade do seu trabalho. Depois de alguns minutos com a máquina, outros com a tesoura e a navalha ele sempre diz: “Tá mais novo, meu patrão”.
Ouço essa frase desde 2000, ano em que comecei a cortar cabelo com Carlinhos, mesmo quando ele ainda prestava serviço no salão de outra pessoa. A coisa foi melhorando e assim que alugou uma casa um pouco maior, ele logo criou seu ponto, desbancando seu antigo patrão. A simpatia e o modo simples de tratar todas as pessoas, faz com que esse alagoano cative amigos, como eu me considero hoje.
Carlinhos acompanha minha vida desde o tempo em que eu estava no ginásio. Sempre soube das minhas paqueras, dos meus projetos com a música e sentiu minha falta por um mês, quando passei no vestibular e meus amigos rasparam na escola mesmo a minha cabeça. Depois disso, passamos a sempre trocar muitas figurinhas, eu falando de faculdade e trabalho, enquanto ele me fala das suas lembranças de Alagoas, principalmente do tempo em que ele era solteiro.
Por falar nisso, acompanho o crescimento do seu casal de filhos, duas crianças muito simpáticas, que volta e meia abrem a porta da sala da casa que dá pro salão e saem correndo em direção à rua. Sua esposa também é uma pessoa muito doce. Pude conhecê-los melhor porque certa vez, depois de ter terminado o corte, ele me chamou pra mostrar seu violão e em outra oportunidade fui encarregado de consertar um computador recém-comprado, missão esta em que não obtive êxito.
Pessoas simples e de bom coração como Carlinhos estão espalhadas pelo Brasil. Infelizmente, todos nós ficamos tristes ao ver juízes e desembargadores envolvidos em esquemas de vendas de sentenças judiciais, como vem ocorrendo. Por mais que a Polícia Federal investigue e queria denunciar essas práticas, sabemos que nada acontecerá a esses contraventores, como ocorreu com a história do “mensalão”, em 2005. Apesar de toda essa podridão que impera na história do nosso país, sempre favorecendo quem tem o poder nas maãos, temos que acreditar nas pessoas que constroem de verdade o Brasil. Meu barbeiro me dá uma aula de honestidade e de como vencer na vida sendo simples e justo.

sábado, abril 07, 2007

Líderes com causas

Em uma noite de sexta-feira da paixão, data cristã em que se reflete sobre a morte de Jesus, me ocorreu algo de muito interessante. Fiquei revezando os canais de televisão assistindo a história do filho de Deus em uma emissora, enquanto também acompanhava a trajetória do mais importante líder brasileiro da atualidade, Chico Mendes, que era mostrada em outra emissora.
Apesar de estarem em contextos históricos diferentes, consegui notar algo de muito parecido entre Jesus e Chico em meio às mudanças de canais. Ambos vieram de famílias humildes e procuraram através de uma forma simples, lutar pela libertação do seu povo. No caso de Jesus, dos romanos que dominavam Israel. Chico lutava contra os fazendeiros, que eram contra a criação de uma área de extrativismo sustentável e não se importavam com a preservação da floresta.
A idéia de escrever sobre esses dois líderes, cada um do seu tempo (embora acredito que seus ideais são eternos), é de justamente questionar a nossa condição atual. Vivemos em meio a um tempo de extremo desinteresse pelas questões políticas e sociais do nosso país. Achamos que o Brasil não tem jeito e cruzamos os nossos braços diante disso.
Jesus e Chico também viviam em contextos de extrema repressão e desigualdades. Eles buscaram através do diálogo, sem tocar em armas, levar mensagens de solidariedade e de amor para todos. Precisamos fazer a nossa “revolução” diária nos comprometendo com as causas que afligem a nossa sociedade. Pensar que somos responsáveis pelo futuro do nosso país é um bom começo.
Sei que líderes como Jesus Cristo, Chico Mendes, Che Guevara, Mandela, Gandhy, dentre outros, surgem em contextos sócio-históricos bastante específicos. Não quero que de um dia para o outro passemos a mobilizar pessoas em torno das causas que queremos. Temos sim que pensar que somos donos do nosso destino e que a apatia é um produto da alienação que sofremos.
A morte desses líderes nos faz pensar o quanto somos indiferentes e deixamos de somar e de fazer coisas interessantes. Precisamos refletir sobre o quanto temos que ser questionadores, informados e conscientes sobre o mundo que nos cerca. Jesus morreu para dar o exemplo de que o amor está acima de tudo e Chico preferiu não fugir dos jagunços e deixar os seringais nas mãos de quem não se importava com a floresta. Ambos sabiam que iriam morrer por causa dos seus ideais, mas jamais desistiram. Precisamos pensar sobre quem somos e o que podemos fazer pra sermos menos inertes e incapazes de atuar em alguma mudança. Essa sexta-feira santa ficará na história.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Crescimento e conscientização


A série de medidas que o governo Lula anunciou para acelerar o processo de crescimento do país é realmente a melhor notícia pra começarmos o ano. Retomar o blog discutindo um projeto como esse só motiva e dá esperança em fazermos um trabalho melhor, com a certeza de que o nosso país está no caminho correto.
O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) traz medidas que certamente irão mexer e motivar a economia do Brasil. Uma dessas medidas, algo que deu certo no crescimento e desenvolvimento de muitos países, é o investimento em infra-estrutura. Isso siginifica a construção de estradas, estações de geração de energia, dentre outras variantes. Além de gerar empregos, essas obras ainda preparam o país para um futuro melhor.
Outro ponto a ser destacado é a redução de impostos para que novos empresários possam investir e os que já estão no mercado também se sintam motivados a injetar dinheiro na economia. Esse é talvez o ponto que gere mais discussões, mas certamente estamos falando de um bom começo.
O que importa é que estamos no começo de uma era que pode mudar o rumo do nosso país. Mais uma vez peço a todos vocês que acompanhem o que os políticos que nós elegemos estão fazendo. Vamos ler, nos informar e cobrar, porque assim como o Brasil tem a necessidade de crescer economicamente, nós cidadãos temos o dever de crescer com o nosso nível de conscientização.