quarta-feira, dezembro 01, 2010

Vamos avante, esquadrão!



Esperei um tempinho pra poder falar sobre este tema. Fui chamado de torcedor de final de campeonato, de fogo de palha, dentre outras denominações, mas engoli tudo com muita serenidade.

Já tive a oportunidade de falar sobre futebol aqui e muitos de vocês já sabem que realmente não sou um torcedor padrão. Estou longe de ser aquele que assiste a todos os jogos, entende tudo sobre esquemas táticos e sabe todas as escalações da década, incluindo a atual. Definitivamente não sou assim.

Não nego que me deixo levar pela boa fase do clube e quando o mesmo está “caindo pelas pernas” nem me importo muito. Não sofro por causa do futebol, mas respeito e entendo quem vive o cotidiano do clube.

A minha história com o Bahia parte do meu falecido avô. Lembro-me muito bem de vê-lo sentadinho em um banco de madeira, localizado entre a sala e cozinha da casa, sempre no cantinho, de pernas cruzadas, ouvindo os jogos do tricolor. Era uma torcida solitária, mas repleta de amor.

Foi exatamente esse sentimento que ele, sem querer, passou para seus filhos e netos que puderam conviver com ele. Todos aprendemos a gostar das cores e acompanhar os passos do esquadrão de aço.

É impossível não lembrar do meu avô. Ainda tenho em mente aquela figura calma, pacata e sempre prestativa. As lembranças são muitas, mas o que senti no dia em que o Bahia voltou à Série A foi realmente algo difícil de explicar. Diante daquela explosão de alegria pelo acesso do tricolor ao lugar de onde ele jamais deveria ter saído, só me vinha imagem dele e a sensação de que existem paixões que vão além da vida.

O que me atrai aos estádios e mesmo a acompanhar um pouco o cotidiano do Bahia é a sua torcida. Meu avô era apenas um de uma legião que ama incondicionalmente o esquadrão, que discute com amigos, larga faculdade, trabalho e o que for para ver os jogos ou mesmo ouvir pelo rádio. A energia que se forma é algo difícil de sintetizar em palavras. Ninguém nos vence em vibração.

Nos jogos podemos ver pessoas de todas as classes sociais, ideologias e religiões unidas em torno do tão esperado momento do gol. Sofremos, dizemos que vamos deixar essa loucura de lado, mas é só o clube entrar um pouquinho no eixo que o vulcão entra de novo em erupção.

O Esporte Clube Bahia tem uma nação consigo. É preciso que haja um gerenciamento do clube pensando no poder que de fato o nosso querido “Baêa” tem para se manter na Série A. Espero que este tão sonhado retorno, depois de sete difíceis anos, seja um marco pra um novo tempo. Há de ser.

5 comentários:

Rocpáurio Santos disse...
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Rocpáurio Santos disse...
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Rocpáurio Santos disse...
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Rocpáurio Santos disse...

Que belo texto! muito intenso e cheio de emoção. Emoção essa que contagiou a cidade inteira. Parabéns amigo, seu talento e seu trabalho estão entre os maiores que conheço.

Everton de Figueiredo disse...

Nossa, Rodrigo! E olhe que eu sou Rubro-negro baiano de coração! Embora seu texto seja direcionado especificamente sobre o Esporte Clube Bahia, o que automaticamente excluiria e afastaria aqueles leitores que não tem empatia por este time, você incrivelmente consegue prender a atenção com sua narrativa inteligente que de forma adversa acaba sendo inerente a qualquer outro torcedor de qualquer outro time. E isto se deve à capacidade de suas palavras despertarem no receptor perguntas sobre este incrível sentimento que temos por nossos clubes de futebol e que nos levam a viajar em nosssas histórias e buscar respostas para isto. E diga-se de passagem... Que viagem interessante! PARABÉNS, professor! Até em ocasiões difíceis sua habilidade dissertativa é incrível!