segunda-feira, outubro 03, 2011

Fé na vida




Enquanto escutava o som da água cair na pia, resisti em olhar para o lado. Outras pessoas faziam a mesma coisa e comecei a perceber que eu não era o único a tentar esconder o que estava acontecendo com a grande maioria ali. Vários homens que haviam acabado de sair da sala de cinema e tinham acabado de assistir ao documentário Bahêa Minha Vida, se viram na história de um clube de futebol que é muito mais que isso e não conseguiram evitar o choro. Choro? É...o Bahia realmente não se explica.

E eu não me sinto digno de falar de uma paixão como essa. Como já havia escrito aqui quando o clube conseguiu retornar à Série A, não sou um fanático. Mas a mística da torcida me emociona e muito. Além do sangue, é o Bahia, só ele, que me une mais aos meus primos, em especial Elton, Marcelo e Fredson. É pelo Bahia que muitas das vezes choramos, rimos, reclamamos e pulamos. Pulamos muito.

Me senti orgulhoso de assistir a um documentário tão bem produzido, que certamente será muito premiado. As histórias contadas, a paixão, a superação e principalmente a humanidade que permeia o tricolor é algo único. Intangível. Quis escrever esse texto logo. Saí da sala de cinema com os pensamentos meio misturados, mas com a certeza de que teria que fazer algo que eternizasse esse momento.

Mais que a paixão, o amor, seja lá qual for o sentimento que torna o Bahia o que é, deixei a sala de projeção com um pensamento: precisamos ser Bahia na vida como um todo. Essa expressão “ser Bahia” significa acreditar, mesmo quando tudo e todos não acreditam. Significa concentrar nas pequenas possibilidades, a chance de algo maravilhoso acontecer. Ter fé na vida.

Em um mundo tão desacreditado, onde a política nos faz reféns de uma democracia na UTI, onde a violência e a falta de educação tornam a nossa realidade cada vez mais cruel, precisamos acreditar que tudo pode ser mudado. Pode sim! “Ser Bahia” significa ser chato mesmo, persistente, utópico. Significa ser gente em essência. Precisamos mais disso. Fazer o bem, olhar o outro como alguém igual.

Enfim, aqueles marmanjos chorando juntos no banheiro de um shopping às 22h de uma segunda-feira me fizeram entender que podemos e devemos fazer a nossa parte. Sermos pessoas melhores já é o primeiro passo. Esse Bahia é retado mesmo!

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