terça-feira, julho 21, 2009

"Devolva meu escudo protetor!!!"


Sempre sou um cara otimista. Adoro enxergar possibilidades positivas mesmo quando todos temem algo que está acontecendo ou prestes a acontecer. Um dos motivos que me levaram a voltar a postar textos no meu blog foi justamente um assunto que tem tirado os cabelos de muitos jornalistas por aí: a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.
A impressão que tenho, desde os tempos da faculdade, é que as pessoas têm no diploma uma espécie de "escudo protetor", que os torna superiores e diferenciados diante dos demais mortais. Cansei de ouvir colegas de sala dizendo: "Não aguento mais ficar aqui. Só estou nessa porque preciso do diploma". Confesso que esses depoimentos me assustavam e eu não sabia o por quê, mas agora já sei.
Não entendi muito o frisson que os jornalistas fizeram diante da decisão do STF sobre o diploma. Até parece que o mercado está aberto e pronto pra acolher somente os advindos das faculdades. A realidade é completamente outra. O que vem prevalecendo são as indicações, e não o talento de quem, como eu, levou à sério os anos acadêmicos e se empenhou em discutir, questionar e aprender de verdade. Além disso, é perfeitamente visível a quantidade de pessoas sem o diploma em jornalismo que tem exercido a função na mídia. Será que ficamos cegos diante disso? Tenho certeza que não.
O que vem acontecendo na verdade é uma discussão vazia de quem, ao invés de procurar se qualificar e investir em um trabalho de qualidade, preferem, ou mesmo estão submetidos às regras de um jornalismo do "espreme que sai sangue", preocupado apenas com o número de mortos do fim de semana e das desgraças do cotidiano.
Precisamos lutar por um jornalismo de verdade e agora é o momento para isso. Tendo em vista que todos somos "iguais" a partir de agora, como um otimista, quero acreditar que esta é a hora de esquecer o "escudo protetor" e investir no desenvolvimento e aprimoramento pessoal.
O mercado não se abrirá totalmente às pessoas sem uma formação técnica, que é grande parte do aprendizado que se tem nas faculdades atualmente. Isto será um diferencial, mas creio que o potencial e a capacidade de estar sempre se atualizando e buscando novas fontes de conhecimento, investindo principalmente no âmbito acadêmico, será o melhor caminho para sairmos da mediocridade que domina grande parte dos profissionais que aí estão.
Esse era um desabafo que tinha a fazer. Sinceramente, torço para que os jornalistas que aí estão consigam enxergar a realidade na sua amplitude e saiam do pensamento limitado de que o diploma é a salvação para o futuro da profissão.
Até mais!

Um comentário:

Brisa Sales disse...

Bom, respeito seus comentários a cerca da não obrigatoriedade do diploma, entretanto, discordo. É sabido que a profissão de jornalismo começou como a prostituição, por acaso, mas não por isso que ela se solidificou. Isso se deu através de muito esforço, trabalho e competência dos nossos precursores. Esta discussão sobre a não obrigatoriedade do diploma não é de hj, como sabemos. Antigamente, realmente, ele não existia. Mas passou a existir desde que o jornalismo passou a ser visto de fato como profissão, e seus profissionais como cidadãos responsáveis pela informação concreta, responsável, respeitosa. Com trabalho pautado pela ética. E não como os anarquistas de antes. Claro que em meio ao cenário atual, todo esse meu discurso se torna algo meramente ideológico, panfletário. Mas isso se deve justamente à aqueles que vc ouvia nos corredores da faculdade dizendo: "Não aguento mais isso." "Só ‘tô’ aqui por causa desse diploma" e blá blá blá. São os sensacionalistas de hoje e não os jornalistas de outrora. Em algum momento no seu texto vc fala de formação téc., pois bem, eu acho q faculdade vai além. Eu me lembro até hoje de cada palavra, cada professor meu. De cada história, texto lido, livro recomendado. Os ensinamentos vão além dos técnicos. São exemplos de como sermos profissionais. Acredito que hajam deles bons e ruins em todas as áreas. Creio também que a desordem que se da na comunicação atual, cadáveres em pleno almoço, fantástico com cara de domingão do Faustão, não é por conta dos bons (obviamente) e sim por causa de “jornalistas” como aqueles que vc ouvia nos corredores.
Eu acredito que assim como a medicina, a engenharia e a contabilidade, o jornalismo PRECISA de um órgão fiscalizador. A comunicação necessita URGENTEMENTE de uma reforma. Eu lembro que na minha época de estudante, queria “mudar o mundo”. Não quero mais ouvir que os nossos preceitos são “Dissuadir, iludir e enganar”. Eu quero novamente um jornalismo ético, com profissionais críveis.
Eu até acho que o diploma não garante bons profissionais. Mas acredito que extinção deste só agrava as coisas. Aí é que tudo vira um “mangue”, uma torre de babel, onde ninguém mais se entende e faz o que quer.
Alguém lá já percebeu que somos o 4º poder e que moldamos a sociedade. O que dizemos é tomado como verdade, pura e simples. Quem nunca ouviu sua avó, sua tia dizer: “Eu vi no jornal.”, “Tava na dizendo na televisão”, quem?
A verdade é que esse “escudo protetor” é para garantir que continuemos a existir.